Estava à toa na vida, sem um amor que me chamasse para ver a banda passar. Comecei a pensar em tudo, que devagar e divagando, virou nada.
Os ecos da minha conta bancária, a saudade do meu irmão que mudou pro interior, a morte da bezerra e aquele perfume, tão gostoso de sentir quando encosto a cabeça no seu ombro enquanto reclamo de uma bobagem qualquer.
Entre uma reflexãozinha rasa e outra, me deparei com ela, a frase.
NÃO VALE UMA PINCELADA DO MEU BLUSH.
Simples, quase banal. Ao mesmo tempo, sintetizando tão bem esses últimos dias que escorreram pelo ralo.
Certos momentos são assim, águas correndo ralo abaixo. Com o rodo em punho, brigo contra o caminho natural das horas e me esforço para que elas fiquem... Em vão.
Assumi meus excessos, admiti os erros e todas as manhãs, tomo um comprimido de resignação e dois de culpa. Ainda não começou a fazer efeito, mas decidi aguardar.
Enquanto isso vou degustando a Vogue, ouvindo Yann Tiersen e corando as bochechas com Givenchy. ‘Não vale uma pincelada do meu blush...’ – e embora ainda doa, logo há de cessar.
com carinho.