segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Maria Sem as Outras

Maria caminhava sem rumo, sapato baixo, chutando pedras.

A alma de Maria vagava sem horizonte, em baixa, chutada de um lado para o outro.

‘ Pior que padecer de egoísmo, é sofrer com o mal da doação excessiva.’

Os pensamentos da menina-mulher eram confusos, passando dos planos aos danos sem se concentrar em nada.

‘Olha, Maria, você é burra! Você é absurdamente burra. E não adianta usar palavras difíceis em textos complexos, porque sua burrice é intrínseca.’

Um nome tão simples, um rosto tão comum, uma cabeça tão complicada.

Maria deveria ser Gertrudes. Não, Gertrudes não, Clarice... Tsc. Maria nunca poderia ser Clarice. Os devaneios de Clarice eram resultado de aflições brilhantes, enquanto os de Maria... Eram foscos.

O vestido de renda e os gestos leves escondiam os bichinhos-come-come que a garota levava no peito.

Sim, logo ali, do lado esquerdo, ela tinha um formigueiro, cupins ou sei lá o que. Traças que lhe mordiscavam sem parar e a tornavam a bailarina de coreografias tristes.

Maria não era Clarice. Maria não era feliz. E pasmem: Maria também não era triste.

Aliás, o que mais lhe afligia nessa caminhada rumo a lugar nenhum, era a falta de um sorriso largo – ou de lágrimas quentes.

Ela nunca sentira o gostinho de ser santa ou puta. Era assim... Mais uma. E isso lhe dilacerava o âmago, já tão judiado.

Judiado? Não, ninguém a machucava. Ninguém além dela mesma. Ninguém além da alma caída.

‘Sou uma predadora.’

Maria não tinha um anjo que lhe trouxesse milagres. Muito menos um diabo a quem culpar pelas falhas.

Maria não era Amélia, não era feminista nem submissa, não era menos ou mais. Maria estava ali, no meio do caminho, chutando pedras.

O meio, as pedras, o nada. Maria sem sobrenome sumiu, engolida por... Maria.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

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