terça-feira, 17 de abril de 2012

(es)crê(ver)




As pessoas vivem avisando que histórias devem ser escritas a lápis, mas sempre teimo. Gasto papel, tempo e tinta de caneta. Borro tudo. Amasso a folha, acumulo uma pilha de páginas que não deram certo.

Quando pequena, tive uma daquelas cartilhas Caminho Suave, aulas de caligrafia e uma professora que cobrava letra redondinha, parágrafo e travessão.

Adoro ver a caneta dançando sobre o papel e quando escrevo a mão, sinto as palavras mais minhas.

Meu único defeito é ignorar o lápis. Não senhor! Quero uma esferográfica vermelha para o título e outra azul para o corpo do texto. Se errar, rabisco um traço e começo tudo outra vez. Sem corretivo, que não admito meus escritos sob disfarce.

Foi essa teimosia que rendeu tantas folhas arrancadas, tantas páginas na lixeira.

Já escrevia sobre você, mas não conseguia me fazer entender. Como uma criança que confunde as letras e não entende porque sorriso não é com z.

Acertei a mão quando te encontrei. Escrevi nossa história em letras graúdas e você grifou as palavras chave, ilustrando os trechos principais.

Com você não dá para apagar – muito menos jogar fora. Com você deu certo (e nem precisei passar a limpo).