segunda-feira, 27 de setembro de 2010

28


Bem vindo, dia 28. Saiba de antemão que você será um dia raso com pensamentos profundos.
Hoje é aniversário de uma das pessoas que mais amei na vida. Ironicamente, já não nos sabemos uma na vida da outra.
Não, não falo de um [quase] amor que não vingou. Dizem que ‘a gente cura um amor frustrado buscando outro amor’, e crendo ou não nesse clichê, ele é disseminado por aí, repetido cada vez que um coração partido precisa de conforto.
No meu caso, nem com frases de efeito posso contar, já que o âmago dessa história é uma amizade.
Quem está aniversariando é uma amiga (já que ex amiga não existe, na minha concepção). Nos tratávamos por apelidos que já não cabem... Embora não tenham perdido a validade, perderam muito do sentido.
Mil vezes lembranças inteiras do que um presente despedaçado.
Também não posso me lamentar. Rupturas raramente tem um único culpado, embora nosso umbigo sempre teime em varrer a culpa pros lados de lá.
Simplesmente não pude esquecê-la... Não hoje.
Dezembro passado, passei mais de uma semana enfiada numa UTI e nos piores momentos tudo que recordo, além de uma sede descomunal, é de conversar com essa amiga... Tê-la ao lado da cama acarinhando minha testa e tentando me fazer esquecer das dores e tubos.
Por que estou contando isso? Porque ela nunca foi me visitar. Restam duas explicações: um devaneio fortalecido pela medicação ou laços muito fortes.
Como boa sonhadora, escolhi crer na segunda opção.
Pudesse, ligaria pra ela e falaria do quanto me fazem falta nossas conversas. Daria os parabéns cobrando uma comemoração inesquecível e dizendo ‘até amanhã.’ Mas não posso.
O orgulho não me trava, mas as circunstâncias, essas sim.
A gente trata a vida como algo extremamente maleável e vai deixando certas coisas pra depois, e quando se dá conta... O depois já passou.
Nós passamos uma na vida da outra (se é que amizade passa). Fomos nos acostumando a não compartilhar as novidades, a não contar os planos, a esquecer... E o que éramos ficou guardado... Docemente embalado pelo passado.

E é por essas e outras, dia 28, que você é especial.

'A amizade é um amor que nunca morre.'
Mário Quintana

5 comentários:

Anônimo disse...

Falta palavra pra explicar o que senti quando li.

Uma mocinha não tão indefesa disse...

Oi Flah

Você não me conhece e nem eu te conheço. Cheguei aqui através de um link que você deixou em algum lugar... em primeiro lugar queria te parabenizar pelo seu blog, que além de lindo é escrito de forma muito sincera.

Em segundo lugar, queria dizer que esse seu texto me emocionou bastante por me fazer lembrar de duas experiências pelas quais passei recentemente.

Eu e uma grande amiga (que conheço há uns 15 anos) ficamos sem nos falar durante quase 5 por uma série de motivos e recentemente nos reaproximamos. Durante todo o período em que estivemos separadas, eu nunca a esqueci e pelo que soube depois ela também não me esqueceu.

Quando nos reencontramos recentemente, foi quase como nos velhos tempos. Ainda melhor, pois eu pude enxergar a menina maluca que conheci e ainda admirar a mulher madura que ela se tornou.

Agora ela está de mudança para o outro lado do mundo e eu sei que será difícil mantermos o contato. Mesmo assim, tenho certeza que nunca deixaremos de nos importar uma com a outra.

Há cerca de 4 anos, eu comecei a me desentender com outra amiga que conhecia há quase 10. No dia de seu aniversário, resolvi ligar e por telefone mesmo desabafei toda a minha mágoa. Ela deu seu ponto de vista e a conversa terminou com as duas chorando e dizendo "Eu te amo".

Exatamente 3 semanas depois, essa menina veio a falecer em um acidente. Não tenho palavras para dizer o quanto fiquei arrasada. Mas quando eu me lembro do que aconteceu, agradeço por ter tido a oportunidade de esclarecer as coisas entre a gente.

Acima de tudo, agradeço por ter conseguido dizer a ela o quanto era importante pra mim e saber que ela também sentia o mesmo a meu respeito.

Enfim, o que quero dizer com isso é que amizades verdadeiras não têm prazo de validade. Enquanto vocês duas estiverem vivas sempre existe a possibilidade de se acertarem. O amor é como um fio invisível que nos conecta às pessoas e não se enfraquece com a distância ou o passar do tempo.

A vida às vezes tem maneiras estranhas de nos tirar e trazer pessoas importantes de volta. O que quer que tenha acontecido, talvez seja apenas uma vírgula e não um ponto final.

Beijinhos :))

Uma mocinha não tão indefesa disse...

Oie!

Obrigada pela visita e pelo comment. Já respondi, tá?

Beijinhos :))

Letícia Losekann Coelho disse...

Fla
Já passei por isso. A maior das ironias é que simplesmente acaba a amizade e afasta. Dá para entender? Não... Eu não entendo. A gente pensa assim: poxa continuo no mesmo lugar, o que houve? Pois algumas vezes as duas pessoas somem e do nada deixam de se falar. Ainda acho estranho, mas acontece.
Beijos moça, adorei a sensibilidade do teu texto!

Anônimo disse...

Flah,

Seu texto me lembrou, como sempre, uma fase da minha vida...
Hoje, esse amigo (que é ainda como irmão gêmeo) mora noutra cidade mas foi mais ou menos assim...

Parabéns, muito bom...
Beijos

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