terça-feira, 28 de fevereiro de 2012
quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012
Excesso
Existem três tipos de pessoas: Os normais, que sentem, mas não sangram; os excessivos, cujo bater de asas de borboleta no jardim do vizinho lhes açoita e finalmente, os insensíveis.
O primeiro grupo, maior e mais comum, é formado pela maioria dos meus amigos, por meu irmão, meu pai, meu namorado... É constituído por pessoas que se sensibilizam diante de um roteiro dramático, que choram a morte de um ente querido, dizem eu te amo e eventualmente ficam tristes.
O segundo, dos excessivos, é onde me encontro. Não queira fazer parte dele, meu bem. Devo tê-lo herdado de minha mãe e o que posso dizer é que é feito de gente que dói. Doem as dores próprias e as alheias. Doem as injustiças, as notícias de telejornal, o divórcio da madrinha, a doença do avô. Dói além da conta e para extravasar, a gente escreve, pinta, borda, planta bananeira... E mesmo assim, dói. Dói amar e não amar, dói sorrir, dói chorar, dói até quando não está doendo porque a gente se sente meio morto. Mas óh, não se engane. Também não quero dizer que sejamos infelizes. Para os excessivos, a felicidade vem absurda – como vem todo o resto. O problema é que tudo é muito, todo sentir vem mal dosado, em proporções cavalares, e aí... Dói. Só quem é, sabe.
Finalmente, temos o terceiro grupo, os insensíveis. Não raramente os confundimos com os excessivos porque de tanto não sentir, eles aprendem a forjar. Forjam alma, lágrimas, zelo, prazer... Com esses sim, há de se ter cuidado.
Invejo pessoas normais, que sentem na medida. Me benzo contra pessoas insensíveis, que devoram o sentimento alheio. E excessiva, sigo doendo.
Para ler ao som de It Can't Rain All The Time.
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Aqui de dentro,
óh,
Palavras. Palavras. Palavras.
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