'Ela? Suave como a pata de um elefante.
Bem, boeings não são leves, mas voam.'
De vez em quando me pergunto que porra de época é essa, que não me faz feliz nem dá saudade do que já passou.
Quero acordar cedo e degustar o dia, ou ficar na cama e esquecer que é segunda-feira. Só não vale levantar sem vontade, mecanizar a rotina e estocar insatisfação.
Vou quebrar os relógios, fazer uma fogueira com os calendários. Açoitar agendas, mandar prender despertadores.
Redações e relatórios, só a lápis. Por favor, assine as duas vias.
Lembranças são arquivos e tenho descoberto nos meus um amontoado de material dispensável.
O que você quer ser quando crescer? O que você vai ser quando sua vontade crescer e te engolir?
Dei pra rabiscar coisas desconexas. Sintetizar frases, desenhar o indizível.
Sou tanto que não sei descrever e escrevo pouco. Sou pouco e pra descrever, digo tanto.
Romanceio até a lista da feira e do supermercado: arroz e feijão, café com pão, nós e noz.
Simulo paixões, faço de conta, passo da conta.
Passei da fase do ‘uni-duni-tê’, agora tiro par ou ímpar para escolher.
Meu bem, vem ouvir minhas velhas novidades. Afaga meu cabelo, me olha nos olhos e me faz sentir aquele frio na barriga. Isso é possível até em noites de calor.
Sonho com colo enquanto coleciono calos.
Durmo de lado e no meio da noite fico em dúvida: pra que lado é o céu?
Meu anjo da guarda abandonou o posto. Assumiu um estagiário que sonha ser Cupido. Caiu de gaiato na minha história, ficou zonzo com o enredo.
'Arreda daqui, anjinho torto.'
Vou brincar com a sorte, me colocar num pêndulo entre ela e o azar.
Avisem meu signo que acabo de anunciá-lo num leilão, site de vendas, americanas.com.
Enquanto escrevo, nossa música começa a tocar. Nossa? Não, da menininha boba que deletei ontem a noite.
Ei, produção, vamos pensar numa trilha sonora? Essa aí não dá, não!
Quebrei seus óculos para que você não visse meus erros. Tentei apagá-los antes que te saltassem aos olhos. Mas eles foram rabiscados com caneta, grifados, sublinhados e destacados.
Tudo bem, meu bem. Hoje acordei com tanta fé em mim que não preciso dos santos do seu altar.
A rotina não está doce, mas chocolate amargo sempre foi meu favorito. Devorá-la sozinha me parece interessante, agora que fiquei de bem comigo.
O que você quer ser quando você crescer? - Completa.
9 comentários:
Seria trágico se não fosse cômico! Um texto de amor/humor como não tenho lido hà muito tempo!
Finíssimo! Parabéns pelo estilo meio duro, mas sem perder a ternura!heheh O mundo é ingrato mesmo! Não há quem desate! Voltemos ao chocolate!!
Um texto estilo pulp, muito bom!
Dá pra ler aos pedaços sem perder a graça.
Até mais.
Anjos bons
têm que ter cicatrizes
e sabor a chocolate puro!
Flah!
Que graça!
Ao ler notei que alguns trechos eram tuitadas suas, inclusive que dei RT.
Achei muito bonito e gostoso o "amarril" desse texto.
Adorei.
Beijos
Du
Muito bacana!
E tem momentos que tudo vira uma bagunça kkkk A gente não se entende e só um chocolate meio amargo, salva! ( Porque quando é muito doce, enjoa)
Adorei te ler!
Beijos
Olá querida,
Primeira vez que passo no seu blog - e adorei o seu estilo de escrita!
Parabéns pelas frases tão bem colocadas e explicativas dessa nossa louca rotina!
Eu ainda não sei o que vou ser quando crescer... talvez, mais baixinha do que sou hoje!
Beeijos!
Gracioso. Divertido. Trágico.
A gente cresce sem pedir e sem se dar conta.
E continua incompleto. Cada vez mais lúcidos da nossa incompletude.
O bom do chocolate amargo é que ele é gostoso, forte, vibrante, sem ter que adoçar nada, nadica: sem concessões...
Gostei.
fico mais incompleta a cada ano que passa. hoje, me libertam minhas incompletudes.
poetiso nas minhas listas de mercado e no convite pra pizza dos amigos...poetizo até, se deixarem, com a segunda feira.
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